2 de abril de 2011

Não sei de que parte do mundo venho. Nem se de perto ou de longe, de cima ou de baixo, mas vim. Não sei se de elevador ou aos saltinhos, se a cavalo ou de helicóptero, mas vim. Talvez contigo ou sozinha, a chorar ou a sorrir, mas vim. Não sei se gorda ou magra, se física ou psicologicamente, nem se aos quadrados ou às bolinhas, mas vim. Não sei se com pressa ou com todo o tempo do mundo, mas vim. Vim de qualquer lado, para um mundo gigante, tão grande como a minha mão. Um papel profundo, um livro aberto e à espera de alguém que risque ou escreva de outra cor. Já o colori a verde, mas por cima alguém pintou a preto; de cor-de-rosa, mas foi alvo de criticas pelo perfeccionismo; amarelo, mas ninguém aceitou que o sol se submetesse à noite; de vermelho, mas julgaram-me de louca; de branco, a corrector pois já não havia branco, mas castigaram-me por a submeter à cor de alguém. Proibiram-me de chorar porque ficava feia, comecei a sorrir. Gozaram-me por ser feliz demais sem motivos, comecei a rir da vida. Humilharam-me por rir da vida, "a vida é para viver, não é para rir dela". Deixei de chorar, de sorrir e de rir, comecei a cantar e criticaram a minha voz. Então dediquei-me ao coração, algo que ninguém via. "És demasiado boa, estamos num mundo de cão". Mundo de cão? Cães, animais, irracionais e racionais. Estou no meu mundo. Vivo no mundo de todos, mas tenho um mundo à parte no qual só eu vejo, só eu sinto e só eu pinto. Finalmente consegui libertar-me dos limites que este mundo gigante me impõe constantemente. E um dia tu, tu que criticaste as minhas cores, irás querer pintar o meu mundo.