5 de janeiro de 2012

hoje não podia deixar de te escrever, querido diário. aprendi que serves para o bem e para o mal, para os desabafos e alívios, para poder falar tudo o que me apetecer, mesmo que sem qualquer razão ou mesmo só para te dar os bons dias. desta vez, prometo que não será assim. será mais intenso e vou levar-te a conhecer o bom que é ser-se humano. não te quero fazer inveja, só quero partilhar contigo algo que sei que te faz sentir útil e mais que um simples diário desfolhável pela sua insignificância. depois das minhas palavras, escondo-te onde o ser humano não imagina e aí sentir-te-ás ainda melhor que nós; mesmo sendo só um bloco de folhas perdidas em devaneios esporádicos. desculpa pela enormesca introdução, mas não sei como começar. tive somente a vontade de te valorizar com os meus segredos mais profundos, mas que no fundo não passam de falhas humanas das quais te ris muito. costumas dizer que das minhas falhas nunca te ris, mas não acredito que não o faças quando te conto peripécias pirosas e de quebrar o coração; ou até mesmo quando te cito poemas de alma perdida e desamparada. riste-te e eu sei porquê. também não acho normal usar-te mais só para partilhar ''infelicidades'', que mais correctamente deveria chamar de coisas comuns no que toca aos sentimentos do ser humano; das quais me deveria sentir felicíssima só porque as vivi e aprendi. mas não te maço mais com rodeios e entre linhas, hoje gostava de te partilhar a minha felicidade por querer ser feliz apesar de todos os obstáculos. não oiço as mágoas. aprendi que as pessoas vão e vêm na nossa vida e que isso é perfeitamente normal. cada pessoa existe com um objectivo na nossa vida; para nos dar um bom dia humilde quando o mundo parece desvanecer em loucura e crueldade; ou até mesmo para nos fazer esquecer algo que nos faz mal recordar de qualquer que seja a maneira. não te choques, também me custou encará-lo inicialmente, mas agora nada mais posso aceitar senão a vida como ela é mesmo. não vou chorar porque acabou, nem vou chorar porque aconteceu. tudo me constrói e, por mais ridículo te possa parecer, te constrói a ti também. pois são todas estas fugidas à rotina que te enriquecem e te tornam único. e acredita que por mais folhas em branco me respondas, leio-as como experiências que me partilhas e conselhos que me queres transmitir. talvez se trate de telepatia, és telepático porque sei exactamente quando pensas que errei e quando pensas que fui forte. talvez seja apenas na minha cabeça, e te construa apenas dentro de mim. talvez sejas tu a fazer de mim folhas e folhas de papel arrumadas e com vontade de sair e de falar. ou talvez, não sejas nada senão eu quando estou assim, apática com a vida e com a razão das coisas; não devo passar de mais uma pessoa a tentar confrontar-se a si e ao mundo que a rodeia, a si com o mundo que a rodeia e a si triste ou feliz. obrigada por me leres com carinho e me fazeres sentir mimada com a simplicidade do teu silêncio.

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